Sugestões de leitura da 4Estações Editora.
Verdes folhas em tarde de verão
As cores suspiram dentro das tardes.
Será o Sol ou fogo o que incendeia o meu carinho, já feito palavra?
São tão quentes as palavras do dia… o dia fala de manhã… fala de tarde… o dia aquieta a noite. Esconde a noite, dentro de alguns segredos…
Afinal todos nós, cada um de nós, todos, todos, somos segredos. Desculpa, não deveria ter revelado…
Temos noites silenciadas dentro de nós.
Noites com peles de sonhos. Que a noite tem corpo e anda pela casa afora, há que trancar as portas, por vezes a noite é sonâmbula.
Noites escuras e mágicas, misteriosas e que se perdem nos
nossos olhares mais distantes. Às vezes olhamos para muito longe.
Às vezes olho sem realmente ver. E ando de sonhos amanhecidos por detrás das pestanas, e os meus cílios ainda estão húmidos de certos orvalhos de sal e de outras emoções. Emoções sentidas na noite anterior e agora adormecidas em mim. Sou o meu mais belo segredo, nada tenho a revelar. Confesso, estive ao teu lado, enquanto tu eras, eu seria…? Não sei bem, o quê? Apaixonada, talvez?
Tu, que és carne, ossos e maravilhas. E de tão especial, quase não é fundamental seres apenas homem, talvez personagem. Que ser pessoa é bem mais simples. Mas ser personagem exige ser criatura e criador, quase que um deus…
Tu, um deus de pele e hábitos. Tu, o meu mais belo segredo. Segredo à vista de todos, mas por poucos percebido.
“Ser um deus, ter músculos e vísceras tem destes equívocos, poucos amam…
É tanto carinho feito palavra, escuta-me… as minhas palavras, escuta o meu carinho. Escutas-me?
É o meu amor por ti, rindo, em brincadeiras de existir, rua afora, pés descalços, sem camisa, com rosto e olhares de amanhãs. Com um corpo ágil. Corre, caminha, suspira, ri e reinventa-se e aparece como um acontecimento natural, uma simplicidade de cada dia.
Aparece em nós e para nós. E nem percebemos que já aconteceu.
Que o amor já aconteceu nas nossas vidas! E já foi! Finalmente já amámos… E éramos tão ignorantes, que pena, não percebemos… e não sabíamos, que tristeza…
A cor suspira dentro da tarde. A tarde suspira dentro da minha vida e a vida grita por mim. Ganidos de animal abandonado, perdido, olhares tristes.
É verão e todos os segredos foram revelados.
E das mais belas palavras restam somente as cinzas, que a queima foi demasiada. Demasiada a paixão, demasiada a esperança, demasiada a necessidade de reconstruir as pontes, e navegar os rios, e alcançar as outras margens…
Confesso! Tu és o meu mais belo segredo. E os segredos, bem sabes, são incontáveis…
Guardo as noites, fiel pastora da solidão das estrelas, e bem sabes que os lobos uivam nas cidades, que crescem no anonimato das suas gentes.
Crescem, bem sabes, na solidão das suas gentes…
Estamos sós, nada a fazer…
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