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CACHORRO MANCO
Sou devoto dos cachorros mancos. Aquele
cachorro com uma perna imaginária, apoiando -se no
vento.
Admiro imensamente o vira -lata que, apesar de
debilitado, percorre o seu trajeto com o focinho
erguido.
Que altivez! Que elegância vinda do desespero!
Irei segui -lo na rua para descobrir o que come e onde
mora. Posso entornar as latas de lixo para me tornar
igual. Posso errar o caminho do trabalho e respirar
Porto Alegre atrás do seu vulto. Fico curioso e assombrado
pela força sobrenatural que emana do seu andar.
Ele perdeu a pata, mas não a estrada. Ele perdeu a
pata, mas não a vontade. Ele perdeu a pata, mas não
a esperança. Ele perdeu a pata, mas não perdeu a
lembrança de caminhar.
...
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