Clara Pinto Correia
Clara Pinto Correia começou a
escrever assim que fez seis anos, foi uma das experiências mais marcantes da
sua vida, e mais de cinquenta anos depois da grande descoberta não dá quaisquer
sinais de querer parar. Além de escritora, jornalista, e cronista, é também
cientista e docente, com as provas de Doutoramento em Biologia Celular
defendidas no Instituto Abel Salazar, depois de um período de investigação
de dois anos na SUNY de Buffalo, NY, subsequente a quatro anos de treino e
docência como assistente estagiária na Faculdade de Medicina de Lisboa e
investigadora no Instituto Gulbenkian de Ciência. Fez depois, ainda antes do
nascimento da ovelha Dolly, um
postdoc em clonagem do mamífero da UMass at Amherst, Mass, onde identificou
alguns factores fundamentais para a compreensão do primeiro ciclo celular
subsequente à penetração do espermatozóide no ovo. Depois destes anos, dos
quais resultaram dez publicações em revistas de primeiro plano na área da
Biologia do Desenvolvimento, passou uma longa temporada em Harvard a estudar no
Departamento de História da Ciência sob a supervisão de Stephen Jay Gould,
enquanto escrevia o livro The Ovary of Eve, publicado em 1997 pela The
University of Chicago Press. A colaboração com Gould havia de manter-se até à
morte do cientista.
Ainda durante este período, criou na
Universidade Lusófona o primeiro mestrado em Biologia do Desenvolvimento do
País, onde colaboraram Professores de vários países, em cujos laboratórios
muitos dos alunos fizeram depois os seus estágios. Seguiu-se, na mesma
Universidade, a criação da licenciatura em Biologia, seguida da Pós-Graduação
em História da Ciência, e, finalmente, do seminário semestral de Ciência e
Religião na licenciatura de Ciência das Religiões. Participou na criação do
Centro de Estudos de História Natural e da Saúde no Instituto de Investigação
Científica Bento da Rocha Cabral, de onde veio a resultar a criação do grupo de
Altos Estudos de Ciência e Sociedade BÚSSOLA/
Biology, Bioethics, and Beyond, que ainda hoje dirige. Entretanto, em
Novembro de 2005, defendeu na Universidade de Lisboa as suas provas de
agregação, tornando-se assim Professora Catedrática da Universidade Lusófona,
onde também exerceu temporariamente as funções de Vice-Reitora.
Escreveu várias grandes reportagens
de viagem para a revista d’ O Jornal e para a Grande Reportagem.
Enquanto cronista, durante todo este período, colaborou
com várias publicações periódicas, nomeadamente com O Jornal,
Diário de Notícias, e Visão. Estreou-se na literatura em 1984,
com o romance Agrião e publicou, um ano mais tarde o
romance Adeus Princesa, mais
tarde transposto para o cinema. A sua vasta obra, de mais
de cinquenta títulos, engloba hoje dez romances, três volumes de contos, várias
obras para crianças e para adolescentes, dois Livros de Texto sobre as suas
áreas de especialidade, poesia, estudos originais de História da Ciência, e, ao
longo das décadas, várias formas de divulgação científica para crianças e para
adultos. Também fez este tipo de trabalho, em regime semanal mas com diferentes
formatos e em diferentes datas, na RTP1/Rumo
à Lua e RTP 2/Travessa do Cotovelo,
e mais tarde, durante sete anos, em colaboração com Filomena Crespo, nos Sete Minutos de Histórias Naturais da
Antena1). Conta também com uma abundante participação com originais em várias
colectâneas de autores portugueses e internacionais. É ainda tradutora de
vários autores contemporâneos de grande relevância, e sobretudo de grandes
textos da literatura universal ainda não vertidos para a língua portuguesa.
Neste domínio do seu trabalho destacam-se os vários volumes que formam a obra
completa de Flannery O’Connor, o ressuscitar do formidável mas quase perdido Dog Stories de Rudyard Kipling, e a
primeira versão portuguesa das duas partes do indispensável clássico sobre o
mundo medieval Viagens de Mandeville, publicado pela Fundação Calouste
Gulbenkian em 2012.
Nos últimos anos retomou a
investigação nos Estados Unidos, em parceria com o seu colega e amigo de longa
data Scott Gilbert, autor do livro de texto Developmental Biology, usado desde
1987 nas Universidades do mundo inteiro. Com grande rigor científico mas numa
linguagem acessível a qualquer leigo
interessado nestas matérias, este trabalho conjunto é uma análise profunda do status quo da Reprodução Medicamente
Assistida nos nossos dias, assunto que desde há muito interessa e preocupaos
dois autores, tendo sido de parte a parte objecto de inúmeras aulas e
conferências. Daqui resultou o livro Fear, Wonder, and Science in the age of
reproductive biotechnology, acabado de publicar pela Columbia University
Press em Agosto de 2017 e vendido para o Japão em Setembro de 2018, depois de
uma visita dos dois autores em Abril do mesmo ano, para uma série de
conferências sobre as temáticas do livro. Durante esta sua nova estadia nos
Estados Unidos, desempenhou ainda as funções de Senior Lecturer no Commonwealth
Honors College da UMass at Amherst, leccionando o seminário semestral Ideas
That Change the World, de onde resiltou o estudo ainda em curso Pollution and
Function.
Neste período, e até estes dias,
também se dedicou a fundo à ficção em português, tendo daí resultado a
publicação pela Editora 4Estações do romance Todos os Caminhos em Outubro
de 2017, o primeiro da trilogia A Tirania da Distância.O segundo romance desta trilogia, Meninas
Morenas, vai ser dado ao público em 2 de Julho de 2019. O último romance da
trilogia terá por título Luz de Marte.
http://www.4estacoeseditora.pt
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