Parou espantado e ficou a olhar à sua volta. «Mas como, o que é feito da minha sombra, o que me aconteceu?», murmurou entredentes. «Há alguma coisa de errado e eu não percebo o que é.» Estava a atrapalhar as outras pessoas no passeio estreito pelo que iniciou a marcha, mexendo os braços e a cabeça, sempre atento à sua sombra, ou melhor, ao facto de ela não aparecer, por mais gestos que fizesse e por mais que olhasse. Tirou os óculos escuros, mas não adiantou. Parava, voltava a andar, e nada da sombra.
Excerto de: Mário Mendes de Moura. “O homem que perdeu a sombra e outras estórias”.
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