quarta-feira, 13 de setembro de 2017

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Paulo Vieira de Castro | A Civilização do Medo

1-De que trata este seu livro “A Civilização do Medo - o Mundo como nunca o imaginámos "?
R-O livro apresenta-nos o medo como o mais voraz dos afectos de uma mente indisciplinada. A mais imprudente de todas as paixões. O objectivo da obra é o de levar o leitor de volta à dimensão mais prática da existência humana face ao sofrimento e ao medo. A “Civilização do Medo”, apesar de ser uma obra da coleção “Gestão e Sucesso”, rapidamente se tornou num livro inqualificável. Por isso mesmo ele poderá ser encontrado nas prateleiras das livrarias em áreas tão estimulantes quanto a ideologia, a política, a história, a educação, o desenvolvimento pessoal,..., as ciências sociais, etc. Isso é extremamente reconfortante para um autor que pretendeu escrever sobre o medo em múltiplas perspectivas e cenários.

2- Como se manifesta, no dia a dia, esta civilização do medo?
R-Tem muitas faces e outros tantos nomes. De forma simplificada poderei referir o pânico, o insucesso, a solidão, a infelicidade, o desemprego, o divórcio, a pobreza,... Estes são conceitos que a todos amedrontam no mundo contemporâneo, levando-nos ao esquecimento do que realmente importa: ser inteiro. O livro alerta-nos para um tempo em que fomos expulsos da nossa própria casa. Casa é o local onde não se tem medo. Não me refiro a um ponto no espaço mas, apenas, á consciência de nós próprios. E esse é o momento em que percebemos a responsabilidade de cuidar. Se eu sou a minha casa então eu tenho cuidado com as coisas á minha volta e, consequentemente, com todos os seres sencientes. Nós não somos vitimas do mundo, apenas da forma como o percebemos. Assim sendo, apenas nos perdemos algures... Este livro servirá para esse reencontro, creio.

3-Como podemos resolver, evitar ou ultrapassar esta situação?
R-Lamentavelmente, porque passamos a viver na ignorância de nós próprios, carregamos toda a vida o medo da perda de coisas que nunca foram, ou serão, nossas. Daí surgem tantas vezes o ressentimento, a angustia, a infelicidade, etc. Por exemplo, nós viemos ao mundo de mãos vazias, partindo do mundo de mãos vazias. Assim, nada do que eu possa comprar será meu para sempre. Só a consciência será nossa desde e para a eternidade. Do mesmo modo, ao contrário do que se imagina, as revoluções nunca aconteceram pela fome ou pela miséria. Todas elas se deram pela mudança de consciência. Então, para me libertar do medo é aqui que tenho de investir todo o meu esforço. Para isso não dependemos de excepcionais condições económicas ou políticas. Infelizmente, a maior parte das pessoas vive amedrontada pela fome e pela sede dos outros. Existindo, agora, de joelhos. Porém o medo só termina quando deixarmos de andar de mãos dadas com a ignorância. Só assim seremos livres do medo. Eu acredito que todo o homem livre é a fronteira de um novo país. Certo é que tudo o que refere os seres humanos tem origem no amor ou no medo. Estes controlam e patrocinam os nossos pensamentos, palavras e ações. Contudo, eu tenho medo mas eu não sou o medo. Só acreditando nisso seremos devolvidos a nós próprios. Perante o medo é urgente resistir. Resisto logo existo...
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Paulo Vieira de Castro
A Civilização do Medo
4 Estações Editora  11,90€


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